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Oferendas

Oferendas

 

Oferendas básicas Umbandistas

Oferenda ao Orixá Oxalá

• Toalha ou pano de cor branca; • velas bran­cas; • frutas brancas (melão, goiaba, etc); • vinho bran­­co doce ou suave; • flo­res brancas (todas); • fitas bran­cas; • linhas brancas; • comidas bran­­­­cas (can­jica, arroz doce, coalhada adoci­ca­da, etc.); • pães; • mel; • farinha de trigo (para cir­cular e fechar por fora as oferen­das); • co­co seco e sua água colocada em co­pos; • co­co verde com uma tampa cortada e um pou­co de mel derramado dentro da sua água; • água em cálices ou copos; • pedras de cris­tais de quartzo branco (se for solici­tado); • pembas brancas (em pedra ou em pó); • milho verde em espiga, cru e ainda leitoso.

Oferenda ao Orixá Oxumaré

• Toalha ou pano de cor azul celeste; • velas brancas e azul celeste; • fitas brancas e fitas azul celeste (ou todas as cores); • linhas brancas e linhas azul celeste; • frutas sementeiras (melão, maracujá, mamão, pinha, etc.); • água em copos; • vinho branco seco; água adocicada com açucar ou mel; • flores coloridas; •coco verde; • licor ou suco de maracujá; • farinha de arroz (para circular e fechar a oferenda); • semente de feijão branco semicozidas e misturadas ao mel de abelhas; • açúcar, colocado em um prato branco e regado com mel de abelhas; • pembas coloridas.

Oferenda ao Orixá Oxóssi

• Toalha ou pano verde; • velas branca e verde; • fitas branca e verde; • linhas branca e verde; • frutas de qualquer espécie; • comidas (moranga cozida, milho verde em espiga e cozido, maçã cozida e regada com mel ou açucarada, doces cristalizados); • vinho tinto; cerveja branca; • sucos de frutas; • pembas brancas e verdes; • fubá (para circular e fechar a oferenda).

Oferenda para o Orixá Xangô

• Toalha ou pano marrom; • velas branca e marrom; • fitas branca e marrom; • linhas bran­ca e marrom; • frutas (abacaxi, melão, manga, melancia, figo, caqui, laranja, goiaba verme­lha); • vinho tinto seco; cerveja preta; • comidas (quiabos picados em rodelas e levemente co­zido, rabada cozida com cebolas cortadas em rodelas); • pembas branca, marrom e vermelha; • licor de chocolate.

Oferenda ao Orixá Ogum

• Toalha ou pano vermelho; • velas branca e vermelha; • fitas branca e vermelha; • linhas branca e vermelha; • cordões branco e verme­lho; • flores (cravo e palmas vermelhas); • frutas (melancia, laranja, pêra, goiaba vermelha, ameixa preta, abacaxi, uvas); • licor de gengibre; • cerveja branca; • pembas branca e vermelha; • comida (feijoada).

Oferenda para o Orixá Obaluaiê

• Toalha ou pano branco; • velas brancas; • fi­tas bran­­cas; • linhas brancas • flores (crisântemos bran­cos, quaresmeira); frutas (pinha, caqui e coco seco); • comidas (pipoca estalada, batata doce ro­xa cozida e regada com mel de abelha, beterraba co­zida e re-gada com mel; mandioca cortada em “toletes” cozida e açucarada; • bebidas (vinho bran­co licoroso, água em copos, licor de ambrósia); • pembas brancas.

Oferenda para o Orixá Oiá-Logunan (Tempo)

• Toalha ou pano branco; • velas branca e azul escuro; • fitas branca e azul escuro; • linhas branca e azul escuro; • pembas branca e azul; • copo ou quartinha com água; • licor de anis; • frutas (laranja, uva, caqui, amora, fi­go, romã, maracujá azedo); flores (do campo, palmas brancas, lírios brancos).

Oferenda para o Orixá Oxum

• Toalha ou pano dourado, azul e rosa; • velas rosa, amarela e azul; • fitas rosa, amarela e azul; • linhas rosa, amarela e azul; • pembas rosa, amarela e azul; • flores (rosas brancas, amarelas e vermelhas); • frutas (cereja, maçã, pêra, melancia, goiaba, framboesa, figo, pêssego, etc); • bebidas (champagne de maçã, de uva e licor de cereja).

Oferenda para o Orixá Omolu

• Toalhas ou panos branco e preto sobrepostos formando oito pontas ou bicos; • velas branca, preta e vemelha; • fitas branca, preta e vemelha; • linhas branca, preta e vemelha; • pembas branca, preta e vemelha • flores (crisântemos, flores do campo, rosas brancas); frutas (maracujá, ameixa preta, ingá, figo); • comidas (pipocas estaladas e regadas com mel, coco seco fatiado e regado com mel, batata doce roxa cozida e regada com mel, bistecas ou fatias de carne de porco regadas com azeite de dendê; • bebidas (água em copos, vinho branco licoroso, licor de hortelã).

Oferenda para o Orixá Obá

• Toalha ou pano vermelho ou magenta; • velas vermelha ou magenta; • fitas vermelha ou magenta; • linhas vermelha ou magenta; • pembas vermelhas; • frutas (todas); bebidas (licor); • flores (do campo, jasmim, rosas vermelhas).

Oferenda para o Orixá Egunitá

• Toalha ou pano laranja; • velas laranja e ver­melha; • fitas laranja; • linhas laranja; • pem­bas laranja; • frutas (laranja, abacaxi, pi­tan­ga, caqui); bebidas (licor de menta, cham­pagne de sidra); • flores (palmas vermelhas).

Oferenda para o Orixá Iansã

• Toalha ou pano branco e amarelo; • velas branca e amarela; • fitas amarelas; • linhas amarelas; • pembas amarelas; • frutas (laranja, abacaxi, pitanga, uva, morango, ambrósia, melancia, melão amarelo, pêssego e goiaba vermelha); • bebidas (champagne de uva ou de sidra; • flores amarelas; • comidas (acarajé; abacaxi em calda, arroz-doce com bastante canela em pó por cima).

Oferenda para o Orixá Nana Boruquê

• Toalha ou panos lilás ou florido; • velas lilás; • fitas lilás; • linhas lilás; • pembas lilás; • flores (do campo, lírios e crisântemos); • frutas (uva, melão, manga, mamão, maracujá doce, framboesa, amora, figo); • bebidas (champagne rosé, vinho tinto suave, licor de amora, licor de framboesa, licor de morango).

Oferenda para o Orixá Iemanjá

• Toalhas branca ou azul claro; • velas branca ou azul claro; • fitas branca ou azul claro; • linhas branca ou azul claro; • pembas branca ou azul cla­ro; • flores (rosas brancas, palmas brancas, lírio branco) frutas (melão em fatias, cerejas, laranja lima, goiaba branca, framboesa); • bebidas (cham-pagne de uva e licor de ambrósia); • comidas (man-jares; peixes assados; arroz doce com bastante canela em pó).

Oferenda para o Orixá Exu

• Toalhas ou panos preto e vermelho; • velas pre­ta e vermelha; • fitas preta e vermelha; • li­nhas preta e vermelha; • pembas preta e ver­melha; • flores (cravo vermelho); • frutas (man­ga, mamão, limão); • bebidas (aguardente de ca­na de açúcar, whisky, conhaque) • comidas (fa­rofa com carne bovina ou com miúdos de frango, bifes de carne ou de fígado bovino fritos em azeite de dendê e com cebolas, bifes de carne ou de fígado bovino temperado com azeite de dendê e pimenta ardida).

Oferenda aos Pretos Velhos

• Toalha ou pano branco; • velas brancas; • fi­tas brancas; • linhas brancas; • pembas brancas; • frutas de todas as espécies; • bebidas (café, vinho doce, cerveja preta, água de coco, vinho branco licoroso); • flores (crisântemos brancos, margaridas, lírios brancos); • comidas (arroz doce, canjica, bolo de fubá de milho, milho cozido, doce de coco, doce de abóbora, doce de cidra, coco fatiado, quindim).

Oferenda aos Baianos

• Toalha ou pano branco (ou amarelo); • velas branca e amarela; • fitas branca e amarela; • linhas branca e amarela; • pembas branca e amarela; • frutas (coco, caqui, abacaxi, uva pêra, laranja, manga, mamão); • bebidas (batida de coco, de amendoim, pinga misturada com água de coco); • flores (flor do campo, cravo, palmas); • comidas (acarajé, bolo de milho, farofa, carne seca cozida e com cebola fatiada, quindim).

Oferenda aos Boiadeiros

• Toalha ou um pano (branco, vermelho, amarelo, azul-escuro, marrom); • velas branca, vermelha, amarela, azul-escura, marrom; • fitas branca, vermelha, amarela, azul-escura, marrom; • linhas branca, vermelha, amarela, azul-escura, marrom; • pembas branca, vermelha, amarela, azul-escura, marrom; • frutas (todas); • bebidas (vinho seco, aguardente, batidas, conhaque, licores); • flores (do campo, palmas, cravos); • comidas (feijoada, charque bem cozido, bolos).

Oferenda aos Marinheiros

• Toalha ou pano branco; • velas branca e azul cla­ro; • fitas branca e azul claro; • linhas branca e azul cla­ro; • pembas branca e azul claro; • flores (cravos bran­cos, palmas brancas); • frutas (várias); • comidas (peixes assados, peixes fritos, peixes cozidos, cama­rões, farofa com carne); • bebidas (rum, aguardente);

Oferenda para os Erês

• Velas branca, cor-de-rosa e azul claro; toalha ou panos cor-de-rosa e azul claro • fitas branca, cor-de-rosa e azul claro; • linhas branca, cor-de-rosa e azul claro; • flores (todas); • frutas (uva, pêssego, pêra, goiaba, maçã, morango, cerejas, ameixa ); • comidas (doces de frutas, arroz doce, cocadas, balas, bolos açucarados, quindins); • bebidas (refrigerantes, água de coco, suco de frutas);

Oferenda para os Exus Mirins

• Toalhas ou panos preto e verme­lho; • velas bicolores preta e vermelha; • fitas preta e vermelha; • linhas preta e verme­lha; • pembas preta e vermelha; • flo­res (cravos); • frutas (manga, limão, laranja, pêra, mamão); • bebidas (lico­res, cinzano, pinga com mel) • comidas (fígado bovino picado e fri­to em azeite de dendê, farofas apimentadas).

Oferenda para Pombagira

• Toalha ou pano vermelho; • velas vermelhas; • fitas vermelhas; • linhas vermelhas; • pembas vermelhas; • flores (rosas vermelhas); • frutas (maçãs, morangos, uvas rosadas, caqui); • bebidas (champagne de maçã, de uva, de sidra, licores).

Oferendas para Caboclos (as)

As oferendas para os Caboclos e as Caboclas são iguais às dos Orixás que os regem. No geral, são iguais às dos Orixás; no parti­cular, são acrescentados elementos indicados por eles.

Texto extraído do livro “Rituais Umbandistas - Oferendas, Firmezas e Assentamentos”- de Rubens Saraceni - Editora Madras.

Oferendas e Assentamentos

O que são? As oferendas são atos magísticos-religiosos e os assentamentos

são concentrações de forças e poderes magísticos dentro de um espaço limitado.

As oferendas podem ter várias finalidades, tais como:

1) Oferenda de agradecimento;

2) Oferenda de pedido de ajuda;

3) Oferenda de desmagiamento negativo;

4) Oferenda de descarrego;

5) Oferenda propiciatória;

6) Oferenda purificadora

7) Oferenda ritual de firmeza de forças na na­tureza;

8) Oferenda ritual de assentamento de forças e poderes espirituais e dignos.

Comentemos cada uma dessas formas de oferendas:

1) Oferenda de agradecimento

Esta oferenda é feita em função do auxílio já recebido. Muitas vezes estamos envoltos em difi­culdades de tal importância que nos ajoelhamos e ali, em nossa fé, invocamos Deus e algum dos seus mistérios ou divindades e pedimos-lhes que nos ajudem, que depois lhes ofertaremos algo em agradecimento.

Uns fazem promessas; ou­tros prometem uma ofe­renda na natureza; outros prometem dar algum auxílio aos necessitados, etc.

Quando são promes­sas, seu cumprimento é uma questão de foro íntimo e, após cumpri-las, as pessoas sentem-se melhor e em paz com Deus e com a divindade invocada.

Quando são oferendas, a pessoa que as prometeu deverá fazê-las, pois também se sentirá melhor, e com a grata sensação do dever cumprido.

Em ambos os casos, o não-cumprimento do que foi prometido acarretará cobranças cons­cientes que, a longo prazo, acarretarão transtor­nos a quem prometeu e não cumpriu.

Saibam que Deus e suas divindades são oniscientes e, por saberem as causas dos nossos desequilibrios e das nossas dificuldades exigem de nós atitudes que nos reequilibrem e nos livrem das nossas dificuldades.

Portanto, cumprir o que foi prometido não é dar ou fazer algo por Ele e elas, mas é fazermos algo para e por nós mesmos.

Deus e as divindades não comem, mas, ao lhes ofertarmos uma “ceia ritual” estamos compartilhando nosso sucesso e nossa vitória, atribuindo-lhes o apoio para que elas aconte­cessem. Ali, no momento de “comemoração”, estamos dizendo de forma simbólica que sem o seu auxílio e delas não teríamos tido sucesso; estamos agradecendo-lhes; e estamos dando pro­va de nossa fé em seus poderes, reverenciando-os com o que lhes prometemos.

2) Oferenda de pedido de ajuda

Esta oferenda vai desde uma vela acesa em um castiçal, pedestal ou altar até a ida a um ponto de forças da natureza, onde abrimos um espaço mágico e depositamos dentro dele os elementos mais afins com as forças e os poderes que serão invo­cados. Esse tipo de ofe­ren­da é muito comum entre os umbandistas que, por te­rem muitas forças e po­deres à disposição, Ás ve­zes a fazem para mais de uma divindade, para obte­rem mais rápido a ajuda solicitada. Ela é em si um ato de fé no poder de realização das forças e dos poderes das entidades de Umbanda Sagrada.

• Forças são espíritos hie­rarquizados.

• Poderes são as divindades de Deus.

As forças estão assentadas nos pontos de forças da natureza e estão à nossa direitas e à nossa esquerda.

Os poderes estão assentados no alto e, nos pontos de forças da natureza, quando invocados ficam de frente para nós ouvindo e anotando mentalmente os nossos pedidos que, se forem justos e do nosso merecimento, com certeza serão realizados a nosso favor e benefício.

Esse ato mágico encerra-se em si mesmo e a pessoa que o fez, só precisa aguardar.

3) Oferenda de desmagiamento

Esta oferenda deve ser feita sempre que estivermos magiados por trabalhos pesados, difíceis de serem desmanchados e anulados dentro do centro de Umbanda.

Há trabalhos de magia negativa que são fáceis de ser cortados, desmanchados e anulados. Mas há outros de tal monta que, se forem mexidos, desencadeiam reativida­des incontroláveis.

Nesses casos, a ação recomen­dada é a pessoa magiada ir até a natureza e, dentro de um ponto de forças, invocar alguma(s) força espiritual ou algum(s) poder divino e confiar-lhe a neutra­lização e a anulação dessas magias complica­dís­simas e muito perigosas.

Na natureza, a força ou o poder invocado cria um campo neutraliza­dor ao redor da magia negativa, isolando-a e envolvendo-a de tal forma que, caso aconteçam reatividades, são contidas e neutralizadas dentro do próprio campo que as envolvem.

Não são poucos os médiuns ainda inexperien­tes ou os guias espirituais iniciantes que, no afã de ajudarem as pessoas magiadas, acabam desencadeando essas reatividades e complicando-se de tal forma que são obrigados a irem até a natureza e fazerem uma oferenda descarregadora para se livrarem dos efeitos negativos acarre­tados.

Muitos guias espirituais e médiuns já tarimba­dos recomendam à pessoa magiada que ela vá direto ao ponto de forças e poderes da natureza e ali, dentro dele, faça a oferenda e invoque uma força espiritual ou um poder divino para que se tome conta da magia negativa, neutralizem-na e a desmanchem.

Isso é correto, pois a explosão de uma reatividade muito intensa dentro de um centro pode afetar seus campos protetores de dentro para fora, fato este que abre buracos nele, pelos quais começam a entrar hordas de espíritos perturbadores.

Há centros de Umbanda cujos campos protetores estão totalmente esburacados e seu interior é “pesadíssimo”.

4) Oferenda de descarrego

Esta oferenda deve ser feita nos pontos de forças e de poderes da natureza para que ali aconteçam os mais variados tipos de descarregos, que vão desde espíritos desequilibrados até quebrantos e mau olhado.

O descarrego não se refere só aos que projetam contra nos mental ou magisticamente, mas pode ser usado para nos livrar do que atraímos com pensamentos de baixa qualidade.

Quando estamos vibrando em nosso íntimo sentimentos negativos e nossos pensamentos tornam-se confusos, nosso magnetismo mental se negativa e baixamos nossas vibrações, imedia­ta­mente começamos a nos ligar por finíssimos cordões com espíritos desequilibrados, também vítimas dos seus sentimentos negativos.

Essas ligações acontecem devido à lei das afinidades, que nos ensina que semelhantes se atraem.

Uma pessoa que estiver vibrando negativa­mente se ligará automaticamente a outras e a espíritos com o mesmo padrão vibratório. E isto só a enfraquece ainda mais porque passa a fazer parte de uma imensa rede de mentais interligados pela baixa qualidade dos seus sentimentos.

È impossível transportar para dentro de um centro de Umbanda milhares de espíritos desequili­brados. Então os guias recomendam que as pesso­as nessas condições negativas sejam levadas por um médium bem preparado e que, após fazer uma oferenda às forças e aos poderes do ponto de forças da natureza, faça ali, no campo de uma divindade, um descarrego completo, livrando-a de encostos e obsessores espirituais.

O que é possível ser feito dentro dos centros de Umbanda os guias espirituais fazem, mas há situações tão complexas que somente descarre­gando tudo na natureza a pessoa ficará livre de todas as suas “ligações” com o baixo astral, e sem tu­multuar o bom andamento dos trabalhos reali­zados dentro dos centros de Umbanda.

Pai Rubens Saraceni.

Oferendas na Umbanda – Uma visão mágica dos seus fundamentos

Eu sou umbandista e sou médium de incorporação, caso o leitor não saiba. Pois bem! Eu era um médium dedicado e apli­cado e fazia ao pé da letra o que meus guias espirituais determinavam. Quando determinavam um banho de pétalas de rosas brancas, eu corria para comprar al­gumas e, antes de ir ao centro que eu freqüentava, preparava meu “banho de rosas”.

Se determinavam que eu tomasse um banho de canjica (milho de canjica fervido até a água ficar toda branca e leitosa), eu tomava meu banho de can­ji­ca sem questionar nada.

Se determinavam que eu tomasse banho com folhas ( alecrim, espada-de-são-jorge, guiné, arruda, erva-cidreira, boldo, folhas de louro, manjericão, etc) eu tratava de adquirir aquela(s) reco­men­dada(s) e tomava meu “banho de ervas”.

Se recomendavam que eu fosse à na­tureza e fizesse uma oferenda para um orixá ou um guia espiritual e levasse velas de determinada cor, certas be­bidas, certas frutas, certas flores, etc., eu procurava fazer tudo certo eu não dei­xava faltar nada, às vezes, até exa­gerava. Até aqui nada demais, porque é assim que procedem todos os médiuns umbandistas dedicados e aplicados.

Portanto, não é mérito algum meu pro­ceder assim, pois esse é nosso de­ver: obedecer às orientações dos nos­sos guias, que nos amam e querem o me­lhor para nós, mesmo não sabendo como eles nos ajudam.

O fato é que eu, um curioso incorri­gível, comecei a prestar atenção às ofe­rendas e conversava com outros mé­diuns sobre elas.

E, em nossas ingênuas e bem inten­cionadas conversas sobre as “coisas” que colocávamos em nossas oferen­das, não atinávamos com o poder má­gi­co dos “elementos” mágicos que “en­tregávamos” aos nossos guias espiri­tuais e aos nossos orixás.

Inclusive, as formas de indicá-las obedeciam a uma linguagem própria, pois às vezes diante de um guia para uma consulta, ele dizia:

- Filho, você precisa dar uma ofe­renda para orixá tal ou para o guia tal porque precisa forta­lecê-lo.

Outra vez outro guia espiri­tual re­co­mendava isto:

- Filho, você precisa firmar uma vela de sete dias para o seu orixá; seu ca­boclo; seu an­jo da guarda; etc., porque ele está fraco e só assim ele poderá ajudá-lo.

Outra vez outro guia espiritual dizia isto:

- Filho, esta pessoa está com uma demanda, e para cortá-la, você precisa dar uma oferenda para um orixá, um guia da direita ou um guia da esquerda para ele cortá-lo e descarregá-lo.

Outra vez um guia espiritual dizia isto:

- Filho, esta pessoa está com uma demanda muito forte e só levando-a no ponto de força do orixá tal e fazendo uma oferenda para ele é possível ajudá-la, porque não podemos mexer nesse trabalho aqui no terreiro.

Pois bem, nós médiuns, obedecía­mos e tudo ficava bem. Mas, em nossa ignorância e ingenuidade (no bom sentido, é claro) ficava a impressão de que só seriamos ajudados se “désse­mos” algo em troca.

E, para complicar ainda mais o nos­so aprendizado, a comunicação dos Exus e Pombagiras colocava uma pá de cal sobre o assunto, pois diziam em alto e bom som:

- De graça, Exu não faz nada!

Aí dava um nó cego em nossa religio­sidade porque, em nossa ignorância e ingenuidade, eles deixavam claro que só trabalhariam em nosso beneficio se fos­sem “pagos”.

Para piorar as coisas, ainda tinha algum Exu que dizia isto:

- Quero uma oferenda assim e assim para ajudá-lo a conseguir isso (um em­prego, saúde, um relacionamento, etc.) e, depois que conseguir, aí você me dará outra oferenda de agradecimento assim e assim, certo? E se não der, aí você per­derá tudo o que eu lhe dei, ouviu?

Esse era o alerta extremo e fez com que muitos “pagassem” rigorosamente o que “deviam”.

Isso era assim, isso é até hoje e sem­pre será assim, não porque as entidades espirituais precisam ser pagas de fato, e sim porque as oferendas (ou despa­chos ou ebós) fornecem-lhes os recursos energéticos que precisam porá poderem auxiliar-nos. Apenas a forma como pe­dem esses recursos deixava (e ainda dei­xa) uma indagação no ar:

- Por que preciso pagar ou dar algo em troca para ser ajudado?

Na verdade, essa é a grande verda­de jamais revelada, mesmo sendo “guias espirituais” eles precisam (em certos ca­sos) de que lhes forneçamos os “recursos elementais” para, manipulando-os magis­ticamente, ajudarem-nos.

Até certo ponto, eles nos auxiliam com o que possuem em si como seus “po­deres pessoais”. Mas, dali em diante, ou recebem numa oferenda ritual mágico-religiosa os elementos que precisam ou não têm como trabalhar em nosso be­nefício, porque só ativando os ele­men­tos magisticamente conseguirão fazer por nós o que só a “magia elemental” con­segue fazer.

Talvez, se tudo tivesse sido colo­cado de outra forma, tudo teria sido mui­to mais fácil para as pessoas que precisavam de auxilio e teriam entendido que na verdade não estavam pagando na­da, e sim fornecendo só os recursos ele­mentais (ou energia dos elementos) para que as entidades pudessem tra­balhar seus problemas, pois na criação tudo é energia nos mais variados graus vibratórios e “sem energia não se produz nada”.

Os elementos colocados dentro de um espaço mágico (ou em uma oferen­da ritual mágico-religiosa em um ponto de forças na natureza) são as fontes na­turais geradoras das energias mais “densas” que existem. Elas, quando ativadas corretamente, realizam coisas que nenhuma outra energia consegue rea­lizar.

Hoje, olhando com outros olhos o meu passado e o que acontece por aí afo­ra com as “oferendas”, sinto uma imensa tristeza por não ter tido um guia espiritual ou ao menos uma só pessoa que nos explicasse essas coisas e foi pre­ciso que um espírito mensageiro cujo nome simbólico é “Pai Benedito de Aruanda” começasse a nos ensinar por meio dos livros psicografados por mim, fornecendo-nos gradualmente a res­posta para muitas das nossas práticas “mágico-religiosas” umbandistas.

E foi preciso a vinda de um espírito mensageiro chamado “Mestre Seiman Hamiser Yê” para nos abrir parcialmente os fundamentos divinos da magia, permitindo-nos uma compreensão do que já fazíamos, mas não conhecíamos seus fundamentos ocultos.

Dali em diante, tudo assumiu seu real significado.

Dar forças a um guia, não era po­rque ele estava fraco, e sim era forne­cer-lhe os recursos elementais magís­ti­cos para que ele pudesse trabalhar em nosso beneficio.

Dar determinadas frutas, bebida, velas, etc., em uma oferenda, não é porque o guia ou o orixá precise “comer e beber”, e sim porque são recursos ele­mentais mágicos com os quais nos ajudam na solução dos nossos pro­ble­mas.

Texto extraído do livro “A Magia Divina das Sete Ervas Sagradas” Rubens Saraceni - Editora Madras.

Pai Rubens Saraceni.